Mila
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Sob um edifício vetusto, porém habitado, cinzento e com largos metros de comprimento, paralelo a outro em todo semelhante, situava-se um dos estabelecimentos mais antigas da cidade em cujo interior se reuniam os mais diversos grupos mafiosos e terroristas da cidade, entre outros pequenos criminosos. Dir-se-ia que era uma mixórdia de criminosos. O estabelecimento existia já desde o século passado, sobrevivendo a todas as crises por que passara o país e a todas as crises por que passara a economia do crime. Propriedade de família italiana, a meio do século passou para uma família irlandesa, sendo hoje propriedade de uma família russa. Tinha o peculiar nome de Mila, que em russo significa amor do povo. O nome, porém, era também o mesmo que lhe dera origem, que em italiano significa trabalhadora e ativa – segundo julgamos saber, embora sem nenhuma propriedade. Pelo meio os irlandeses deram-lhe o nome de Hennessy’s. Quando os russos se apoderaram do estabelecimento aos irlandeses tomaram a iniciativa de saber a sua história ficando pois a saber que se chamava Mila quando pertença dos italianos e tendo sido esse o seu primeiro nome. E como Mila também era nome russo, decidiram que assim se chamaria. Democraticamente, Mila seria o nome incontestado.
Desde há vinte anos que
Mila tem um cliente frequente, além do cliente habitual e o qual lhe dá a sua
sobrevivência, falamos pois do criminoso. O cliente frequente é um velho
citadino que passa os seus dias em Mila bebendo e fumando, lendo e conversando.
O seu cliente habitual é cliente desde sempre: o criminoso que passa para
buscar as encomendas, para receber o dinheiro, para combinar os crimes, para conspirar
contra o governo, para saber quem matou quem e quem encomendou o quê, e tudo
afim ao crime. O cliente frequente é um velho homem de cara enrugada, barbas
grisalhas, nariz grande que lhe confere um ar sério, de bom trato, falador,
mais ainda com os copos, com uma cabeça que mais parece uma abóbora, quer
dizer, grande em demasia, fazendo jus à sua estatura, pois de quase dois
metros. Certo dia ao passar perto de Mila, esfomeado por não comer há já um
dia, decidira-se a entrar, e desde então passara a ser cliente frequente. É
igualmente benquisto por todos os habituais clientes de Mila.
Em Mila, todos,
podemos dizer, se conhecem, mas nem todos se gostam. Não raro há umas
zaragatas, comuns a estes estabelecimentos, que facilmente se resolvem. Outras,
porém, são de mais difícil resolução. Seja por exemplo, a relação que o grupo
constituído por irlandeses tem com os italianos. Aqueles surripiaram Mila a
estes, e sem embargo de no seio do grupo já não permanecer um elemento que seja
desses tempos, a relação mantém-se inalterada. Outra má relação, esta embora de
índole histórica, é a que os japoneses têm com os chineses. Não se dão por nada
deste mundo, nem do deles. Há ainda as dos turcos com os gregos, também
histórica. Como se vê, quando estes grupos se misturam em Mila, há por certo
confusão da grossa. Porém existe um pacto, entre todos, segundo o qual em
tratando-se de negócios não deve de modo algum haver confusões, pois, de acordo
com o bom senso economês, não fazem bem aos negócios. Há contudo algo que une
alguns destes grupos e com o qual nunca discordam, a saber, o ódio comum ao
inimigo. Pois assim quando se trata de conspirar contra o inimigo, até os
maiores inimigos são os maiores amigos. Verdade consabida.
O velho cliente
frequente ri-se a bom rir com estas zaragatas. Observa-as desde o dia em que
aqui vem. Conta ele agora a Alek, o velho russo que aqui toma a sua vodka sem
faltar um dia do ano, ontem os romenos entraram por aí adentro a fim de
debater-se com o Li, o chinês que no outro dia roubara Anca, a filha do
Cristian, que como sabes é o líder dos romenos, mas deram-se mal; qual Bruce
Lee, o Li desancou em todos com pontapés para aqui, punhos para acolá, eram uns
a cair, outros a levantar-se doridos, e todos a sair em menos de minutos; te
digo, Alek, até a mim me doeu. O velho russo ria-se como um bêbedo, sem o
estar. Alek era conhecido dos donos de Mila desde que estes se apropriaram do
estabelecimento em meados de cinquenta, mas só cliente há dez. Era um fulano
circunspecto, de cara rosada, cabelos quase brancos, alto e corpulento, olhos
grandes e azuis, e com uma conduta dir-se-ia irrepreensível. Não obstante a sua
prudência em relação aos outros, dera-se desde logo muito bem com o velho
cliente frequente. Portanto, desde há dez anos que vem mantendo uma boa relação
com o velho. A qualidade rara de observância deste é para Alek uma mais-valia.
Na realidade, o velho cliente frequente é de uma escrupulosidade e minuciosidade
com relação aos pormenores, que Alek inveja positivamente. O velho cliente
frequente é capaz inclusivamente de descrever ao pormenor o pequeno lixo que o
turco traz nos sapatos, ou o fio do cabelo pendente no casaco do japonês, ou
seja por exemplo aqueloutra vez em que velho cliente frequente descreveu
pormenorizadamente o plano que os turcos tinham de colocar uma bomba na casa
dos japoneses.
Contava-se assim: os
japoneses, por intermédio e com ajuda dos gregos, estavam a avançar no crime da
droga e a vir a ocupar as ruas que estavam a cargo dos turcos. Os gregos haviam
concedido as suas ruas e bem assim fornecido aos japoneses com vista a que
estes se apoderassem das ruas e do negócio dos turcos. Os turcos através dos
italianos vieram a saber que os japoneses estavam bem fornecidos e que estavam
a vender o produto a metade do que eles vendiam. Isto só poderiam ser más
notícias, disse o velho cliente habitual, pois aos turcos restava-lhes, no meio
do crime, apenas o negócio da droga. Sem ele, não saberiam mais o que fazer. Já
nem os negócios dos kebabs lhes valia. Não havia outro meio que não eliminar os
japoneses. Aqui, naquela mesa, estavam os quatro turcos chefes a preparar o
plano. Consistia em meter quatro prostitutas no prédio dos japoneses, levando
uma delas uma bomba, pois, diziam, eles fraquejavam ante as mulheres. Duas
chegariam em primeiro a fim de os embebedar; a terceira entrava a meio para os
distrair; e a quarta entraria à socapa, instalaria a bomba, juntar-se-ia às
outras três durante uma hora, após o que desceriam e assinalariam que estava
tudo conforme. Restava pois aos turcos ativar a bomba, e pum, iam todos pelos
ares. Mas Alek, quem foi pelos ares foram os turcos, como bem sabes, é que no
meio disto tudo estavam os turcos com a guarda abaixada e os gregos
aproveitaram-se e meteram eles uma bomba no prédio dos turcos, e pum, foram os
turcos rezar a meca através do fumo emanado pela explosão. No mundo do crime,
todavia, ninguém fica a rir-se, e não tardou que os gregos fossem presos pela
polícia quatro dias depois. De pouco valeu o pacto. Quanto aos japoneses,
receberam dos gregos o avisamento sobre a bomba. Safaram-se.
O velho cliente
frequente é apreciado por todos os que frequentam Mila. Sejam eles chineses,
romenos, turcos (estes reduzidos a meros três criminosos que agora tentam
reconstituir, angariando mais elementos, o grupo), japoneses, gregos, russos,
italianos ou irlandeses, ou mesmo aqueles que não pertencendo a nenhum grupo
mafioso frequentam Mila. Mercê de um bom senso incomum e de uma sensibilidade
distinta, o velho que é cliente e outrossim frequente fala com todos e todos
falam com ele, ouve os que pode e os que querem ser ouvidos. Não muitas vezes
foi visto a resolver contendas, das pequenas, claro está, entre os grupos. É o juiz
em Mila.
Dele nada se sabe,
pelo menos em Mila. Donde é, se é casado e tem filhos, que idade tem, do que
vive. O que se sabe é que aqui vem todos dias e todos os dias faz as mesmas
despesas (exceção feita quando a ultrapassa). Que lê os jornais, que lê os
livros que traz, que escreve num bloco de notas, que por vezes simplesmente
fica a observar os criminosos e as gentes, que conversa com as pessoas, as
gentes e os criminosos, que muito fala com Alek, o russo, que gosta de comida
russa, bebidas russas, mas não é russo, que a nacionalidade também não lha
sabem. É um mistério, mas apenas para quem aqui não vem, porquanto os que aqui
vêm não querem saber dele para nada, por muito boa pessoa que o velho cliente e
frequente seja.
Sabemos nós, porém,
que o velho não é muito velho, que é casado e tem dois filhos, uma filha já crescida
e um filho em vias de crescer, uma mulher devota desde há largos anos, que vive
a dois quarteirões de Mila, e que tem um rendimento não se sabe bem do quê,
porque isso a nós não nos chegou. Portanto, o velho que frequente Mila não é um
parasita que alguém se lembrou de descrever, e também não é um zé-ninguém que
passa os seus dias num estabelecimento onde se servem comida e bebidas e onde
param criminosos para planear os seus crimes, ora pequenos (as drogas, a
prostituição, os roubos), ora grandes (terrorismo).
Por falarmos em
terrorismo, apercebeu-se o velho um dia destes que um novo grupo se instalara
em Mila já vai um mês. Não são ocidentes, nem orientais do tipo japoneses e
chineses. Mas também não são médio-orientais, do tipo iranianos, afegãos. Na
verdade, este grupo não é homogéneo mas também não é heterógeno. Não é
homogéneo porque nenhum indivíduo do grupo se assemelha aos restantes e
tão-pouco há características a partir das quais os possamos identificar. Por
outro lado, também não é heterógeno porque nada nestes indivíduos parece ser
dissemelhante. Não há traço neles que os aparentem, o que lhes conferia alguma
homogeneidade, nem traços neles que o distinguem, o que lhes conferia alguma
heterogeneidade. De outro modo, aos olhos dos demais estes indivíduos são como
que estranhos seres que apareceram sabe-se lá donde, não se aparentando com
ninguém que alguma vez haja sido visto em toda a história da humanidade. Por
exemplo, as mulheres não se distinguem dos homens e vice-versa. Os velhos não se
distinguem dos novos. A cor é sempre a mesma. Não há pretos nem brancos nem
amarelos nem vermelhos, muito menos verdes, para aqueles que agora pensam na
possibilidade de serem extraterrestres. Os cabelos da mesma cor, ou melhor,
incolor. A cor dos olhos igualmente incolor. As mãos, tendo cinco dedos cada
uma delas, não se parecem com as de um ser humano dito normal, nem dito
anormal, muito menos com as de uma aberração qualquer que a história tenha
deixado nos relatos. A cabeça, porém, é a do tamanho médio de um ser humano. A
boca sendo semelhante a nós humanos é porém distinta nos lábios, mas não
sabemos bem em quê, apenas que o é. No mais, é igualmente desigual a qualquer
um de nós humanos. Aquilo que, contudo, não se pode ver com os olhos, não
sabemos nós como é nem parece que alguma vez nos venha a interessar. Quando à
língua, falam a mesma que a nossa. No atinente a gastos em Mila, estes novos
clientes apenas gastam dinheiro em duas coisas: água e comida, sendo a comida
sempre a mesma, uma mixórdia russa, que, pelos vistos, lhes deve agradar ao
palato. Não sabemos se alguma vez provaram ou provarão outra.
Para os chineses,
eles não são seres humanos – não sabemos as razões por que foram os chineses os
primeiros a refletir sobre estes seres –, mas não são extraterrestres, pois a
imaginação chinesa ainda tem os seus limites. Para os russos, eles são uma
espécie de seres ambiguamente inumanos, no sentido antigo do termo, muito
embora nos parece que os russos não fossem capazes de pensar tal coisa. Para os
gregos, mais dado a reflexões, não são nada, pois todos na choça e não
contactaram com eles, sequer. Para os italianos, não são nada. Sequer se deram
conta destes seres – por alguma razão Mila lhes fora roubada. Enfim, para nós
que os observamos de fora, eles com efeito não se parecem com nada que alguma
vez tenhamos visto. São como que um desenho pintado com lápis branco numa
página igualmente branca.
Reparara o velho
cliente frequente em todos estes pormenores há já um mês e ainda não concluiria
nada. Sem embargo de tudo que acima fora dito e que o velho reparara e talvez
até tirara notas, o comportamento é em tudo semelhante ao nosso. O nosso velho
ainda não falara com ninguém no tocante a estes novos elementos em Mila, e
sabe-se igualmente que os restantes clientes habituais também não, senão entre
eles mesmos. Está o nosso velho na sua frequente mesa a ler o frequente jornal
e bebendo a frequente vodka, hábito que ganhara por causa de Alek, a pensar
nestes estranhos seres e no que serão e no que quererão e por que aqui vieram
dar, logo aqui a Mila, e ouve um deles muito baixinho dizer que a melhor hora
será às dezanove horas porque, não ouviu o resto o velho, o presidente lá
estará, ouviu agora, e quanto mais pessoas estiveram melhor para nós, ouviu novamente.
Velho astuto, percebeu que se trata de uma combinação em ordem a uma tentativa
de assassínio do presidente. É sabido que o presidente vai estar numa
inauguração amanhã às dezanove no museu das Coisas Velhas, que é o que os
museus são na verdade, enfim, anunciara-se hoje em todos os programas de
informação. Logo, conclui o velho astuto, estes seres estranhos vão tentar
matar o nosso presidente amanhã pelas dezanove horas. É preciso fazer alguma
coisa imediatamente, pensou.
Pensara telefonar
para a polícia, mas indo já em direção a casa cogitou que o melhor seria ir ele
próprio à polícia. E eis então que se encontra agora na polícia. O polícia que
o atende pergunta-lhe que pretende, ele responde que o presidente corre perigo.
Procedimento habitual nestas coisas de atentados, pegam no velho e levam-no
para uma sala a fim de saberem todos os pormenores, mais parece um
interrogatório, e o velho conta tudo o que ouviu. Sabemos pois que o que conta
é muito pouco, pois pouco foi o que os seus ouvidos puderam ouvir. E sabemos
igualmente que o que conta sobre os estranhos seres não é crível para os
polícias, porquanto quem de bom senso iria acreditar que seres como os
retratados pelo velho existem?!. Coisas que não se parecem com nada, afiançam
uns aos outros. Deste modo sai o velho da delegacia em direção a casa com a
certeza que a polícia nada fará para salvar o nosso presidente. Decide então
telefonar a Alek e pô-lo ao corrente do que possivelmente vai suceder. Explica
igualmente o que a polícia não fez e não vai fazer. Alek ouve-o atentamente, e
enlevado por toda esta trama, qual KGB, manifesta a vontade, em última
instância, de contactar todos os clientes habituais de Mila, quer dizer, os
criminosos, a fim de contar com a ajuda deles e do seu arsenal com vista a
ajudar a proteger o nosso presidente. O velho cliente frequente anui, pois,
claro é uma boa ideia.
São dezoito horas e
os velhos, o nosso velho e o velho Alek, e alguns criminosos, os que acharam
por bem uma vez na vida contribuir com algo de bom para o país, estão em frente
ao museu de Coisas Velhas. A segurança não foi reforçada, como já se esperava,
pensa o velho cliente. Com os telemóveis sob a gabardina que vestem e uns
auriculares vão contatando uns com os outros. Um dos criminosos, que tem contatos
com os vereadores da câmara, arranjou forma de pôr todos dentro do museu. Por
ora ainda estão fora. Não tarda estarão lá dentro, a fim de proteger o
presidente daqueles seres que não sabemos quem são, acaba de pensar o velho.
Quando o velho saíra
no dia anterior da polícia, estes levaram a sério o aviso de que o presidente
corria risco de vida. Só que, em vez de pensarem que fosse em razão de uns
seres incolormente estranhos, acharam que o presidente sim corre risco de vida
devido a esse velho que está paranoico, foi o que disse o subcomissário da
polícia, não explicando por que achava o velho um risco e paranoico. A polícia
tem destas coisas, quando se pensa ter visto de tudo, alguma coisa
surpreende-nos. Eis o pensamento deste subcomissário. Na realidade, o
subcomissário pensou o seguinte: um velho vem cá contar que uns seres
estranhos, incolores, que se parecem e não parecem uns com os outros, como que
por mágica ou um efeito estranho aos nossos olhos, vão atacar o presidente às
dezanove horas e a segurança não dará por isso, mas na verdade quem atacará o
presidente é esse velho maluco, porquanto ele quer é distrair-nos, e ter vindo
aqui contar é uma forma de desviar as atenções. Pois assim amanhã teremos de
estar de olho neste velho e quem com ele venha, estão a perceber, disse o
subcomissário após o velho ter saído da delegacia. No dia seguinte armou toda a
delegacia a fim de ir toda, literalmente toda, para a segurança e vigia ao
presidente. Assim, no dia do atentado ao presidente a polícia inteira da cidade
estava de vigia. O velho porém não reparou em nada. O que é normal, porque
estavam todos à paisana, com exceção do habitual destacamento de segurança.
O carro do presidente
aproxima-se, diz o velho para o velho Alek e os criminosos. O carro do presidente
aproxima-se, diz o subcomissário para os seus agentes. O presidente está a sair
do carro, estejam atentos, diz o velho para o velho Alek e os criminosos. O
presidente está a sair do carro, estejam atentos, diz o subcomissário para os
seus agentes. O presidente está a entrar no museu, diz o velho para o velho
Alek e os criminosos. O presidente está a entrar no museu, diz o subcomissário
para os seus agentes. O melhor é entrarmos, diz o velho para o velho Alek e os
criminosos. O melhor é entrarmos, diz o subcomissário para os seus agentes,
avisando todavia os que já lá estavam dentro. Vamos pela frente, diz o velho
para o velho Alek e os criminosos, como combinámos. Vamos por trás, diz o
subcomissário para os seus agentes, como combinámos. O presidente entrará
dentro de cinco minutos, estejam atentos, disse o velho para o velho Alek e os
criminosos. O presidente entrará dentro de cinco minutos, estejam atentos,
disse o subcomissário para os seus agentes. O presidente entra agora mesmo, é
agora, diz o velho para o velho Alek e os criminosos. O presidente entra agora
mesmo, é agora, diz o subcomissário para os seus agentes.
O que se passou a
seguir foi assim contado pelos noticiários, os quais não temos razões de
duvidar. Quando o presidente estava prestes a falar, a polícia adentra pelo
museu, uns polícias vindos do lado direito, outros do esquerdo, outros da
frente e outros de trás, de arma em punho, afastando tudo e todos, e no meio
deste círculo policial estavam dois senhores com idade que gritavam umas
palavras incompreensíveis, supõe-se que assustados com o que se estava a
passar, e os quais no meio da confusão foram baleados, em primeiro lugar, e em
segundo o nosso presidente. Ao que o nosso jornal apurou, o tiro que alvejou o
presidente foi de uns criminosos que se encontravam no museu à mesma hora,
alegadamente entraram por intermédio de um dos vereadores, que, tanto quanto
apurámos, se dava com os criminosos e mantinha uma relação de há uns bons anos
com eles.
Foi assim que a
notícia passou na televisão em Mila. Os que restavam, olhavam o ecrã incrédulos
com o que e com quem se tinha passado. Os seres que não se pareciam com nada
nem com eles mesmos já não iam a Mila há dois dias.
edit
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